10 de novembro de 2013

O passado lhe pertence



Estranha a sensação de passar ao lado do seu passado né? De conviver com ele todos os dias e ter essa estranha sensação de que esse “passado” de certa forma nunca lhe pertenceu.
É olhar pra uma pessoa que um dia significou tanto na sua vida, hoje já não fazer diferença nenhuma. Ver alguém que um dia fez as borboletas do seu estômago se contorcerem causando um reboliço enorme dentro de você hoje, já não fazem mais nem cócegas.
Daí você se recorda da existência dessas borboletas, se recorda do causador delas. E pensa se não teria sido melhor ter feito daquele jeito. Mas daí você se recorda principalmente dos motivos que fizeram essas borboletas irem embora, assim como o causador delas. E pensa, que realmente foi melhor ter feito tudo do jeito que fez.

Porém esse pensamento não dura muito quando o arrependimento de ter permitido que essas borboletas nascessem dentro de você, o arrependimento de ter deixado aquele alguém encher teu estômago de borboletas, desse alguém encher não só o seu estômago, mas também e principalmente seu coração. Arrependimento de ter deixado aquele alguém tocar você, da forma que tocou. Arrependimento de ter deixado tanto espaço livre para ele preencher. E esse arrependimento vem lado a lado com o desejo de mudar o passado. De voltar atrás e mudar algo, que possa fazer toda a diferença para mudar tudo. Aquele “Oi”, o primeiro, poderia ter evitado tanta dor. Ah se você não tivesse deixado ele entrar na tua vida, tanto sofrimento teria sido evitado. Porém mudar o passado não é algo que vá acontecer assim... ou quem sabe aconteça se de repente você voltar aos quinze. Mas você já tem quase trinta. E mudar o passado, não, isso não vai ser possível.

Mas e se for pensar nos sorrisos que aquele alguém te causou apesar de tudo, do preenchimento de amor dentro do seu coração... Ai você vai dizer, que a decepção que ele te causou foi maior que isso tudo, que os motivos das borboletas terem ido embora e outras até morrido superaram os sorrisos. Mas daí você também tira uma conclusão que te faz desistir de querer mudar o passado. O que você aprendeu, a pessoa que você se tornou depois desse alguém, a versão de você que cresceu e amadureceu. Aversão de você que hoje é dez vezes melhor que a versão de você no passado.

Você é tudo que viveu, o passado lhe pertence.
E pro futuro... é eu sei que você deve estar se perguntando:

Deixo as borboletas entrarem, deixo um novo alguém me preencher, quero deixar o reboliço renascer toda vez que olhar para o novo?

Renata Rodrigues


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