Se nós dois vivêssemos em um enredo de comédia romântica, você
estaria aqui agora. Nós dois
teríamos uma história bonita para contar, alguma coisa sobre como nossa amizade
serviu como base para um relacionamento sólido e feliz. Acontece que não houve
cenas engraçadas, nem um final de filme. Nosso
caso podia ter tido tudo, menos amor. E
esse foi o nosso maior problema.
A
gente começou com você me dando um beijo no canto da boca e jurando que estava
tudo bem. Eu segurei sua mão com força e não acreditei que aquilo
poderia acabar mal. Afinal, eu não estava fazendo nada demais. Você também
não. No que aquilo poderia acabar? A verdade é que nós dois resolvemos brincar
com fogo, porque vivíamos dizendo por aí que não tínhamos medo de queimar. Acredita nisso? A gente mal sabia, não é? Mal sabia.
Os
beijos roubados, os segredos compartilhados, os desejos atendidos, as noites
sem compromisso. A gente achou
que nada disso teria grandes consequências. Não iria pesar lá na frente. Amigos,
amigos. Vontades à parte. Eu achei – mesmo – que poderia aproveitar dos seus
beijos, do seu corpo e de você inteirinho sem ter que me preocupar em um dia te
perder. Eu só não vi aonde isso tudo podia me levar. Melhor: eu só não vi eu mesma me
perdendo enquanto nós dois nos aproveitávamos da situação.
A gente podia ter dado certo. Eu sabia o que você
procurava em uma mulher e você sabia exatamente as minhas exigências nos
homens. Acontece que, para
você, eu nunca me tornaria a pessoa certa. E eu só descobri isso depois que você
já tinha roubado meu coração. Na nossa brincadeira sem compromisso, a gente
acabou perdendo o que mais importava: o
triunfo de sermos amigos.
Não podia. Nada de comédia romântica para nós dois. No final do filme, acabamos como qualquer casal que resolve brincar sem levar a sério os sentimentos dos envolvidos. Você aí, eu aqui. Sem amizade colorida. Na verdade, faltou até cor na nossa amizade. Acabou tudo bem preto no branco. E uma história toda separando a gente. Nem amigos mais nós somos, amor. Nem amigos...
#texto do blog: www.karinerosa.com
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