10 de janeiro de 2014

Eu Te Amo não é Bom Dia


Você pode se envolver diversas vezes, com 5, 6, 7, 8 sejam lá quantos garotos, e em todas essas 5, 6, 7, 8 vezes que se envolver, pronunciar três palavrinhas Eu Te Amo, e em todas essas vezes acreditar que realmente é amor. Ou pelo menos se fazer acreditar que é. Iludir a si própria, e de certa forma até ser iludida.

É mais ou menos isso que acontece com Ana, ela é nova, uma menina ainda, sabe o tipo de garota que está começando a conhecer a vida. A vida e seus amores. Tantos amores. Já namorou alguns garotos, já foi traída, e já teve a oportunidade de trair, e não traiu. Já foi enganada, e iludida. Já enganou e iludiu. Conheceu os dois lados da moeda.
O problema é que ela não percebe quando engana a si mesma.

Ana terminou faz pouco tempo um relacionamento de um ano. Com um garoto do qual ela dizia amar. Dizia ser o grande amor da vida dela. E vivia com ele, e “amava” ele, e chorava, e sofria, e brigava, e surtava. Ela não era feliz. Mas pra ela, era amor, e uma briga ou qualquer desentendimento poderia ser resolvido com a troca de umas três ou quatro palavras e um pedido de desculpas. E alguma troca de carinho. Por diversas vezes ela falou que iria terminar. Que aquela briga seria a gota d’água. E um dia depois você se deparar com ela e ele aos amores e amassos.
Ela não era feliz. Mas não via.
Eles não se amavam, mas ela não via.
Ela só queria se sentir amada e desejada.
Ela só queria não se sentir sozinha.
Ana foi alertada uma porção de vezes, mas não via. Ou melhor... não queria ver.
O fato é que ele havia sido um dos primeiros. Um dos primeiros a chegar pra ela e dizer Eu Te Amo. Ana não sabia o que era ser amada por um garoto. E a forma intensa que ele demonstrava a fez acreditar.
Mas as três palavras frequentemente ditas não serviram para manter um amor que não existia. Só havia paixão. Só o fogo de uma paixão.
E as três palavras eram ditas ao vento. Eram ditas em vão. Talvez só por uma forma de educação. Como se deseja um Bom Dia ou uma Boa Tarde.

Depois desse, depois de outros que haviam vindo antes e quebrado o coração de Ana, ela disse ter se recuperado bem. Juntou todos os pedaços, e guardou o coração, protegido a sete chaves.

Mas isso não durou muito tempo. Ou melhor, nem dias.
Apareceu um moço de sorriso fácil, fala mansa, e palavras bem elaboradas, e um Eu Te Amo na ponta da língua. E uma promessa de fazer seu coração amar de novo.
E só a freqüência de suas palavras foram o suficiente para Ana destrancar a proteção.
Se fosse só um moço. Se esse moço fosse o único.
Mas além dele surgem outros.
E cada um vem com um Eu Te Amo na ponta da língua para conquistá-la. Para competir qual deles leva o coração de Ana. Como se ele fosse um objeto. Ou talvez o interesse nem seja exatamente o coração...
Mais uma vez, ela só quer ser amada e desejada.
Ela só não quer se sentir sozinha.
Mal sabe ela que cada um tem levado um pedaço do seu coração. Ela sabe que não deveria se entregar tanto assim. Mas se ao menos ela ouvisse. Escutasse o que o seu coração realmente diz. Ele está aflito. Vendo seus pedaços serem levados por qualquer um, de qualquer jeito.
Se ela escutasse quem realmente a ama.
Mas não.
E os dias vão passando, e ela se ilude, acreditando em cada Eu Te Amo que lhe é dito. E acha que sente. E faz a si mesma acreditar que ama. E diz sucessivas vezes, a sucessivos garotos.
Eu Te Amo.
Será que um simples Bom Dia para cada um deles não seria suficiente?! 


Renata Rodrigues

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