Você
tinha a mão colocada de leve na cintura dela. Essa foi a única coisa que eu
reconheci em você: o jeito que a segurava era o mesmo jeito que você me segurou
por todo o tempo em que esteve aqui. Seu cabelo estava diferente. Seu sorriso,
suas roupas e seu olhar. Se eu esbarrasse com você na rua, distraída que sou,
talvez eu não te reconhecesse. Talvez, eu tenha parado de te reconhecer
bem antes de você ter ido embora.
No meu mundo ideal, eu não insistiria em um relacionamento em que só eu ainda
estivesse tentando. Orgulhosa,
eu arrumaria minhas coisas, pegaria minhas roupas e recolheria meus cacos.
Iria reconstruir o coração em qualquer outro lugar. Mas aqui não é meu mundo
ideal. E eu, ma-so-quis-ta, fiquei aqui, quis assistir a você fugindo
de mim pouco a pouco. Quis sofrer vendo você deixando de me amar...
Eu sabia. Eu fingi que não, mas eu sabia. Eu me preparava, dia após dia, para o momento
em que você fosse entrar pela porta e dizer que tinha acabado. Eu
deixei que fosse você a terminar, porque aqui dentro eu não queria admitir que
nós dois acabaríamos para sempre.
Mas eu via como você a olhava. E eu sabia, por que era exatamente a maneira com
a qual você costumava me olhar. Quando
ainda me amava. Era aquele sorriso que você abria. O mesmo sorriso que você
dava quando ela passava por nós dois. E você nem disfarçava. Eu sorria
também, querendo morrer um pouquinho por dentro. Eu já tinha te
perdido – eu só tentava enganar a mim mesma dizendo que não.
Então, um dia, você finalmente foi. Finalmente conseguiu a
coragem e arrumou suas malas. Eu fiquei aqui, reconstruindo o coração a passos
lentos, achando que eu nunca mais iria amar de novo. Morrendo de medo do
futuro, do que a vida me reservava. Querendo você e seu abraço pra curar as
dores que você mesmo deixou.Mas passou. A vida tratou de te
levar, realmente, de mim. Por inteiro.
Aí eu te reencontrei. Esbarrei com você em um daqueles lugares que nós dois
sempre íamos. Você tinha a mão colocada na cintura dela. O rosto, o cabelo, o
sorriso e o jeito totalmente diferentes de quem eu tanto senti falta.E não
doeu. Ver você com ela não me matou. Nem quis chorar, nem me incomodou. Eu
te vi e só respirei fundo. Porque, no fundo, eu sabia, eu sempre soube: uma
hora, esse nosso amor torto ia acabar chegando ao final.
Agora,
posso dizer que, finalmente, acabou.
Encontrei esse texto no blog da Karine Rosa
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