Eu já consigo dizer
que acabou. Demorou, mas dei o braço a torcer. Nós não nascemos para dar certo.
Hoje, depois de tanto tempo, consigo admitir isso sem grandes dores. Por mais
que nós tenhamos nos amado, do jeito meio torto que sempre nos amamos, ou por
mais que nós quiséssemos um final feliz, nós não nascemos para dar certo. Ainda que tivéssemos tentado mais
um pouco, ainda que tivéssemos insistido, ainda que eu tivesse ficado e tentado
mais uma vez ao invés de te deixar para trás e ir correr atrás dos meus sonhos.
Nós não daríamos certo no final. Não adianta quão teimosos nós fôssemos. Nós
éramos feito balões de festa junina: bonitos,
mas altamente inflamáveis. E proibidos.
De longe, parecíamos
inofensivos. Parecíamos livres, leves, soltos. Um amor de verdade, intenso,
verdadeiro, eterno. Eterno, olha só. O que, de longe, ninguém sabia, é que o
balão só voava enquanto durava o fogo. E
nosso fogo apagou depois de ter incendiado tudo a nossa volta. Nós
destruímos tudo o que podíamos: os sentimentos das pessoas ao nosso redor,
nossa amizade, nossos próprios sentimentos, e nosso amor. É estranho que nosso
amor tenha se consumido até o final, mas foi isso o que nos aconteceu. Era tanto amor que queimou.
O combustível acabou. Vieram com os
extintores apagar nosso incêndio. Não foi você que curou os estragos que nós
mesmos deixamos. Nem fui eu que te abracei e disse que reconstruiríamos tudo.
Eu quis mudar, quis correr para longe, porque estava cansada demais de deixar
um mundo em pé e depois ver ele ser consumido pelo fogo até virar pó. Nós
viramos pó, nossa história virou pó e você virou pó. Nunca mais fomos os mesmos depois
do fim. Nunca mais seremos.
Eu deixei cicatrizes em você e você deixou em mim feridas abertas que nunca vão
fechar.
Mas não adiantava mais tentar.
Para você, eu sempre
serei a culpada pela nossa própria desgraça. Para mim, você sempre será o conteúdo
inflamável de quem eu quero distância. E continuaremos tentando nos odiar por
termos nos amado tanto. Talvez,
por ainda nos amarmos. Mas, no fim, a gente apenas não nasceu para dar
certo. Nos amamos, é verdade. Fomos felizes, é verdade. Encantamos um mundo de
gente com o vôo do nosso balão. Fomos
alto, fomos longe, fomos a mais bonita história da minha vida, fomos tudo.
Tudo.
Nosso “tudo” apenas
não terá um final feliz.
E teremos que aprender
a conviver com isso.
Eu e você.
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