30 de julho de 2014

_Texto Alheio: Feito balões de festa junina



Eu já consigo dizer que acabou. Demorou, mas dei o braço a torcer. Nós não nascemos para dar certo. Hoje, depois de tanto tempo, consigo admitir isso sem grandes dores. Por mais que nós tenhamos nos amado, do jeito meio torto que sempre nos amamos, ou por mais que nós quiséssemos um final feliz, nós não nascemos para dar certo. Ainda que tivéssemos tentado mais um pouco, ainda que tivéssemos insistido, ainda que eu tivesse ficado e tentado mais uma vez ao invés de te deixar para trás e ir correr atrás dos meus sonhos. Nós não daríamos certo no final. Não adianta quão teimosos nós fôssemos. Nós éramos feito balões de festa junina: bonitos, mas altamente inflamáveis. E proibidos. 
De longe, parecíamos inofensivos. Parecíamos livres, leves, soltos. Um amor de verdade, intenso, verdadeiro, eterno. Eterno, olha só. O que, de longe, ninguém sabia, é que o balão só voava enquanto durava o fogo. E nosso fogo apagou depois de ter incendiado tudo a nossa volta. Nós destruímos tudo o que podíamos: os sentimentos das pessoas ao nosso redor, nossa amizade, nossos próprios sentimentos, e nosso amor. É estranho que nosso amor tenha se consumido até o final, mas foi isso o que nos aconteceu. Era tanto amor que queimou.

O combustível acabou. Vieram com os extintores apagar nosso incêndio. Não foi você que curou os estragos que nós mesmos deixamos. Nem fui eu que te abracei e disse que reconstruiríamos tudo. Eu quis mudar, quis correr para longe, porque estava cansada demais de deixar um mundo em pé e depois ver ele ser consumido pelo fogo até virar pó. Nós viramos pó, nossa história virou pó e você virou pó. Nunca mais fomos os mesmos depois do fim. Nunca mais seremos. Eu deixei cicatrizes em você e você deixou em mim feridas abertas que nunca vão fechar. 

Mas não adiantava mais tentar.
Para você, eu sempre serei a culpada pela nossa própria desgraça. Para mim, você sempre será o conteúdo inflamável de quem eu quero distância. E continuaremos tentando nos odiar por termos nos amado tanto. Talvez, por ainda nos amarmos. Mas, no fim, a gente apenas não nasceu para dar certo. Nos amamos, é verdade. Fomos felizes, é verdade. Encantamos um mundo de gente com o vôo do nosso balão. Fomos alto, fomos longe, fomos a mais bonita história da minha vida, fomos tudo.
Tudo.
Nosso “tudo” apenas não terá um final feliz
E teremos que aprender a conviver com isso. 

Eu e você


Texto retirado do blog da Karine Rosa.

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